Tema fez parte de diversas palestras do primeiro dia de evento, realizado no Itaipu Parquetec; programação gratuita segue até sexta-feira (29)
2024 foi um ano marcado por manchetes expondo o vazamento de informações pessoais dos brasileiros. De acordo com o relatório da Surfshark, o Brasil teve 5 milhões de contas de usuários online vazadas somente no terceiro trimestre de 2024, o que representa um aumento de 340% em comparação com o segundo trimestre deste ano.
Entendendo a relevância do assunto, a 21ª edição do Latinoware – Congresso Latino-americano de Software Livre e Tecnologias Abertas, trouxe diversas palestras com a temática da segurança cibernética. O evento teve início nesta quarta-feira (27) e segue até o dia 29.
Para a engenheira de produção, pós-graduada em Gerenciamento de Projetos, Isabela Pereira Lopes, a pandemia contribuiu muito para o aumento da atuação dos criminosos. “Muita coisa que a gente fazia no dia a dia sem precisar ser pela rede, teve que ir para a internet. E ninguém tinha preparo para se proteger. Com isso, os vazamentos começaram a crescer. Quem nunca recebeu uma mensagem no WhatsApp de um suposto primo pedindo dinheiro emprestado e descobriu que era golpe?”.
Isabela foi uma das palestrantes que trouxe um conteúdo relevante sobre o assunto. Em sua fala, ela destacou práticas importantes que as organizações devem adotar para garantir a segurança dos dados de seus clientes. “O controle de acesso às informações sensíveis é uma delas. Nem todo mundo pode ter acesso a tudo. Também é de extrema importância o treinamento contínuo para colaboradores, para conscientizar as pessoas do quão grave isso é. Os dados são o novo petróleo! Além disso, é preciso ter procedimentos claros para reportar incidentes e auditorias regulares com monitoramento da rede, da infraestrutura e análise de vulnerabilidade de tempos em tempos.”
Como prevenir?
O Threat Modeling, ou Modelagem de Ameaças, é um dos processos que as empresas podem adotar para prevenir os vazamentos. Quem falou sobre este assunto no 1º dia de Latinoware foi Luís Fernando Guisso Filho, analista de segurança da informação no Willbank e que também atuou por 10 anos no grupo Globo. “Nós identificamos as ameaças, vulnerabilidades, contramedidas e controles em sistemas e/ou produtos, com o objetivo de minimizar os riscos e fortalecer a segurança ao longo do ciclo de vida de desenvolvimento de um projeto. Basicamente, a gente consegue visualizar o que fazer antes de construir um software ou aplicação, aumentando a visibilidade das ameaças desde o design e reduzindo os custos de correção”, explica.
Guisso afirma ainda que a demanda por profissionais que saibam fazer modelagem de ameaças está crescendo muito, e quem tiver esse conhecimento terá um grande diferencial no mercado de trabalho.
Mulheres na cibersegurança
O crescimento dos casos de vazamento de informações evidencia a necessidade de profissionais que saibam prevenir e lidar com essas situações. E olhando para o mercado, as mulheres também estão despertando interesse nesta área. “Temos um dado bem atualizado, deste ano, em que o percentual de mulheres em empregos da área de Tecnologia da Informação e Comunicação é de 39% no Brasil e de 25% nos Estados Unidos. Isso representa um crescimento de 7,7% desde 2020. Apesar dos números parecerem bons, ainda estamos muito distantes dos homens, que ocupam mais de 80% do setor, e temos um longo caminho para percorrer”, ressalta Franciele de Mendonça Pereira, palestrante formada em Sistemas de Informação que atua no Itaipu Parquetec e apresentou o projeto “Ladies in Cyber” aos participantes do congresso.
O objetivo do projeto é capacitar mulheres em cibersegurança e promover a igualdade de gênero no setor de tecnologia. Isso é feito através de um plano de ensino com conteúdos online sobre Linux, redes, segurança de endpoint, Python, defesa cibernética entre outros, que totalizam 246 horas. Além disso, as participantes contam com o apoio de mentoras disponíveis para esclarecer dúvidas individualmente e compartilhar seus conhecimentos. Ao final da trilha de capacitação, todas recebem um certificado de conclusão emitido pelo Itaipu Parquetec.
“A inclusão de mulheres na área da tecnologia ajuda a promover a igualdade de gênero e combater a discriminação. Mas muitas ainda se sentem inseguras de estar nessa área. Por isso, projetos como o Ladies in Cyber são tão importantes”, finaliza.
Inscrições seguem abertas
O Latinoware segue até o dia 29 de novembro, com programação intensa das 8h às 18h. As inscrições são gratuitas e seguem abertas no site do evento: latinoware.org.
Nos três dias de evento, 30 mil pessoas devem passar pelo Itaipu Parquetec para conferir o Latinoware e os demais eventos que integram o Festival Iguassu Inova, evento amplo que será realizado até o dia 30 de novembro.